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Reputação ambiental em pauta no agronegócio

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Recentemente estive na Turquia onde participei do evento 5th Global Feed and Food Congress como presidente do Sindirações e membro da diretoria executiva da IFIF (International Feed Industry Federation). Voltei de lá com a certeza de que para atender a sofisticação dos consumidores dos países desenvolvidos produtores rurais de todo o mundo devem incrementar a oferta custo competitivo e qualidade com boa reputação ambiental. A má notícia é que a cadeia produtiva do Brasil não está preparada. 

Para determinar a reputação ambiental estão sendo criadas algumas ferramentas pelos órgãos governamentais, FAO (do inglês, Food and Agriculture Organization of United Nations) e setores privados.  As principais ferramentas são o LEAP (Partnership on Livestock Environmental Assessment and Performance) e o GLFI (Global Feed LCA Institute). Um dos objetivos é criar uma referência de cálculo da pegada de carbono (LCA – Livestock Carbon Assessment). Os produtores de carnes e grãos dos Estados Unidos e Europa veem estas iniciativas como forma de proteger seus mercados e evitar a concorrência do Brasil e outros países exportadores de alimentos.

A criação deste padrão de reputação ambiental deve implicar, em um futuro próximo, na necessidade de incluir no rótulo das carnes e de outros alimentos informações referentes ao impacto na sustentabilidade do planeta, como a produção de CO2/kg e o consumo de água/kg, entre outros índices ambientais.  E é aqui que mora o perigo para o Brasil! A conclusão é de que não estamos participando adequadamente deste processo e seremos severamente punidos.  Uma das principais formas pelas quais o País será prejudicado é o mecanismo LCU (Land Change Use), ou mudança de uso da terra.

Um exemplo atual é que os países europeus e os Estados Unidos consideram que o Brasil desmatou florestas ou cerrados para plantar soja e, desta forma, aumentou a produção relativa de CO2 por hectare plantado, sendo que este mecanismo não se aplica a seus países. Assim, um quilograma de soja brasileira produz mais CO2 que a produção advinda de países de clima temperado.

Ao final deste processo, a carne brasileira será provavelmente considerada mais poluidora, se comparada à produzida em países desenvolvidos. Como consequência, será rejeitada ou financeiramente depreciada por estes consumidores. Vale salientar que o Brasil é um potencial fornecedor de comida para os projetados nove bilhões de habitantes do planeta até 2050 e isso significa que está em jogo um mercado de trilhões de dólares.

Diante deste cenário, conclamo o agronegócio brasileiro a criar o Consórcio Brasileiro de Sustentabilidade na Agropecuária para unirmos esforços e criarmos uma forte linha de defesa nacional que nos permita valorizar o CAR (Cadastro Ambiental Rural), as APPs (Áreas de Preservação Permanentes), as Reservas Legais e outros instrumentos de sustentabilidade genuinamente brasileiros, e que não são exigidos nem realizados pelos produtores de países desenvolvidos. O Brasil é um dos países que mais protege o meio ambiente no mundo (30% do território nacional de acordo com a Embrapa), porém não valoriza adequadamente este grande esforço nacional.

Por Roberto Betancourt, presidente do Sindirações

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