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Contrariando em boa medida o pessimismo calcado na hipótese de mais um revés climático que poderia comprometer outra vez a produção/produtividade das safras – à exemplo das atípicas alterações que assolaram principalmente as lavouras na América do Sul e nos Estados Unidos no ano passado -, o mais recente levantamento para a safra mundial 2013/2014, elaborado pelo Departamento de Agricultura dos EUA/USDA, estima colheita de 957 milhões de toneladas de milho e uma safra recorde de 282 milhões de toneladas, no caso da soja. O relatório prevê também o consumo de 928 e 269 milhões de toneladas e pouco alívio nos estoques globais, abastecidos adicionalmente com 27 e 10 milhões de toneladas de milho e soja, respectivamente.

A convergência desses e outros fatores vem pressionando o Índice Médio de Preço dos Alimentos medido pela FAO/ONU que, em abril, atingiu 215.5 pontos, cuja trajetória segue descendente, e em agosto passado marcou apenas 201.8 pontos ou mesmo 139.5, quando deflacionado pelo índice do Banco Mundial/MUV.

Essa tendência baixista modulou as cotações no Brasil e permitiu alívio nos preços locais do milho e da soja, influenciados também pelas revelações da CONAB, cuja estimativa para a safra brasileira 2013/2014 é de mais de 80 milhões de toneladas de milho e 82 milhões de toneladas de soja. Vale lembrar, contudo, que o efeito atenuador tem sido parcialmente anulado por causa da desvalorização do nosso Real, moeda que caiu bastante dentre tantas outras comparadas ao dólar americano.

No horizonte de um ano, o preço médio internacional pontuado em setembro para a saca de 60kg do milho desabou 38,5% em dólares (U$ 11,00/2013 ante U$ 17,90/2012, CBOT), enquanto no mercado doméstico retrocedeu 16% em Reais (R$ 26,00/2013 ante R$ 31,00/2012, CEPEA).

Diante da mesma marca (setembro), a cotação média da soja por saca/60kg recuou 18,6% em dólares (U$ 30,00/2013 ante U$ 36,90/2012, CBOT) e 14,8% em Reais (R$ 74,00/2013 ante R$ 86,90/2012, CEPEA).

Por sua vez, no curto prazo (intervalo de julho a setembro do corrente ano) o preço internacional da soja subiu 1,9% em dólares, motivado pelo mercado futuro razoavelmente atrativo, pelo calor intenso e a falta de chuvas que continuam castigando os campos norte-americanos. No entanto, o preço médio em Reais, praticado no Brasil fora majorado em 7,1%, por causa do efeito-extra do câmbio. 

O preço do farelo de soja, fortemente correlacionado à cotação do grão, tem sofrido forte volatilidade (R$ 1400/tonelada em setembro/2012, R$ 760/tonelada em abril/2013 e R$ 1240/tonelada em setembro/2013, CEPEA), e no intervalo de abril a setembro adicionou 60 p.p., catapultado por fatores mencionados anteriormente e pelo impulso ditado pelo câmbio.

Desprovidos de instrumentos capazes de antever com precisão absoluta o comportamento das variáveis futuras que modularão os preços das commodities agrícolas, alguns especialistas tendem concordar com a perspectiva de um longo período de moderação nas cotações internacionais, à exemplo do economista americano Christopher Hurt, da Universidade de Purdue, que aposta na desaceleração da China e menor mobilização do milho para etanol nos Estados Unidos.

Outros, por sua vez, dedicam-se à observação dos fenômenos históricos sob a batuta dos eventos econômicos que se repetem na linha do tempo. De acordo com o economista David Jacks, da Simon Fraser University, esses super ciclos podem ser definidos quando o desvio do preço de uma mercadoria varia no mínimo 20% sobre sua linha de tendência (altas e baixas), ao longo de décadas, do seu início até o fim. Essas ondas tendem a se concentrar em períodos de rápida industrialização (América de 1890) e/ou urbanização (China da década de 2000).

Seu estudo publicado no final do ano, através do National Bureau of Economic Research, passado considerou as evidências sobre os preços reais de 30 commodities ao longo de mais de 160 anos (1850 até 2011), e os respectivos episódios de altas e baixas além das tendências de curto, médio e longo prazo.

O resultado geral da ponderação entre as 30 commodities estudadas revelou que de 1900 até 2011 houve incremento de 252,41% nos preços, influenciado sobremaneira pelas commodities in the ground ou “embaixo da terra” (gás natural, metais preciosos). Ao contrário, as cotações das commodities to be grown ou “sobre a terra” (milho, arroz, trigo) declinaram no mesmo período avaliado.

É importante salientar, contudo, que preços altos estimulam maior atividade exploratória (perfuração, mineração e agricultura), que em seguida tendem arrefecer porque a indústria e a sociedade consumidoras tornam-se mais eficientes e demandam menos produtos.

É flagrante observar que os preços deflacionados dos gêneros agrícolas estão mais baixos atualmente do que eram em 1950, por conta dos magníficos índices de produtividade alcançados, e embora a população mundial tenha aumentado 2,8 vezes, a produção mundial de grãos foi 3,6 vezes maior, desde então. A partir de 1970, é possível perceber uma onde descendente de preços, cujo ciclo completou 40 anos em 2010. Desde então e obedecendo a cronologia, a história parece mais uma vez seguir seu curso. Será mais um super ciclo tendendo à valorização das cotações?

É evidente, portanto, que essa volatilidade identificada e persistente continuará afetando as perspectivas futuras de crescimento, principalmente do Brasil e outros países predominantemente exportadores de commodities.

Ariovaldo Zani 
Vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações).

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