Com o objetivo de proporcionar discussões aprofundadas sobre o cenário político e econômico brasileiro, convidamos importantes personalidades para compartilhar diferentes visões no evento Lideranças do Setor Frentes às Incertezas, organizado pelo Sindirações, no dia 12 de agosto, na cidade de Campinas/SP. Confira abaixo os trechos mais relevantes do evento:
Roberto Ignacio Betancourt (Diretor Presidente do Sindirações)
O presidente do Sindirações Roberto Ignacio Betancourt ressaltou a relevância do agronegócio no Brasil apresentando os números de saldo comercial, exportações, geração de empregos diretos e indiretos e projeção de PIB para 2014 superior a R$ 1 trilhão. Betancourt também apresentou a prioridade de investimentos do governo alertando para a necessidade de maior influência política do agronegócio brasileiro.
Clique aqui para visualizar a apresentação do Dr. Roberto Ignacio Betancourt
Ariovaldo Zani (Vice-presidente executivo do Sindirações)
Ariovaldo Zani, vice-presidente executivo do Sindirações, apresentou a necessidade de desoneração da cadeia produtiva de alimentação animal equalizando a tributação dos insumos pecuários àqueles agrícolas, no caso o PIS/COFINS. Zani também destacou os pilares das demandas propostas pelo agronegócio, entregue para os presidenciáveis como orientação para mercados, segurança jurídica, desenvolvimento sustentável, governança internacional e competitividade e que contemplam praticamente todas as demandas da indústria de alimentação animal. O executivo ainda diagnosticou as oportunidades e pontos fortes, fraquezas e ameaças à sustentabilidade do setor.
Clique aqui para visualizar a apresentação do Dr. Ariovaldo Zani
Gerson Camarotti
O comentarista político da Globo News avaliou o clima eleitoral brasileiro e as perspectivas políticas pós-eleição. Na visão do jornalista, a questão econômica deve ser o cerne do debate tanto por situação como oposição. No primeiro caso, a pauta deve ser focada nas conquistas durante o comando do País e em promessas sobre melhorias da economia. Já no segundo caso, a aposta será em mostrar a possibilidade ao eleitorado de mudanças drásticas no rumo das políticas com maior simpatia ao setor privado.
Deputado Federal Luis Carlos Heinze
O Deputado Federal Luis Carlos Heinze trouxe à tona a importância da bancada ruralista no Congresso Nacional como instrumento para atender demandas e prioridades dos diferentes setores produtivos ligados ao agronegócio. Para o deputado, quanto mais suporte a bancada tiver, mais poder terão esses setores em suas reivindicações junto aos diferentes Ministérios. Heinze destacou a flexibilidade e abertura para dialogar e formular pautas em conjunto com as entidades representativas dos diferentes segmentos produtivos. O deputado reforçou a postura combativa da bancada ruralista diante das diversas ameaças ideológicas. Heinze ainda chamou a atenção para o efeito negativo de promessas de campanhas com viés eleitoreiro e criticou a falta de política de governo focada no agronegócio mencionando os baixos investimentos no setor frente ao excesso de gastos com os juros da dívida interna e externa brasileira.
Dr. José Mendonça de Barros
Dr. José Mendonça de Barros analisou a conjuntura econômica nacional e internacional em curto e médio prazos, os impactos das eleições dentro deste contexto e as implicações para as empresas. Do ponto de vista global, de acordo com as reflexões do especialista, o cenário é mais positivo do que os anos anteriores, principalmente por conta da previsão de crescimento dos Estados Unidos para 2015. O mesmo ocorre na zona no Euro, que tem leve melhora puxada pela economia alemã. Já a China cresce em ritmo menos acelerado, porém as taxas seguem altas em comparação com as demais economias. Tais indicadores globais apontam para a possibilidade de alta no custo de capital e valorização do dólar e aumento do comércio nacional.
Para Mendonça de Barros o cenário econômico brasileiro é de paralisia. A teoria pode ser comprovada, segundo ele, pelo desequilíbrio no setor de automóveis e de bens de capitais bem como a crise na indústria. A previsão de crescimento do PIB brasileiro é na ordem de 0,6%. A desaceleração econômica também pode ser percebida pelo economista que ressaltou o papel da agropecuária dentro do PIB brasileiro por ser um dos únicos segmentos a pautar o crescimento e modelo de negócios na inovação tecnológica e aumento da produtividade.
Do ponto de visto político, as eleições pouco devem afetar a conjuntura. Para o exportador, a tendência é de desvalorização da moeda brasileira. Em caso de reeleição a consequência imediata é de queda da bolsa e alta do dólar e em caso de vitória da oposição, no curto prazo deve ocorrer entrada de dólar para compra de ativos baratos gerando uma valorização do Real. De acordo com Mendonça de Barros, é necessário avaliar o momento econômico após seis meses da posse para entender se há uma tendência de continuísmo do modelo de crescimento ou alternância do rumo do País.
Independentemente do nome de quem assumirá a presidência em 2015, as alavancas de crescimento serão o mercado interno e os investimentos em recursos naturais. Os fatores limitantes são o aumento de pressões fiscais e inflacionárias, redução da competitividade, crescimento econômico apoiado no acréscimo de trabalhadores e modesto aumento da produtividade, elevação do custo Brasil, redução da eficiência do setor público, ausência de reformas estruturais e regulação inadequada.
Clique aqui para visualizar a apresentação do Dr. José Mendonça de Barros
Dr. Alexandre Lahoz Mendonça de Barros
O Dr. Alexandre Lahoz Mendonça de Barros traçou as perspectivas do agronegócio a partir da análise do potencial da safra e preços de grãos local e internacional e do consumo de proteína animal. De acordo com as projeções relatadas pelo especialista, a expectativa é de baixa nos preços das commodities agrícolas por conta do volume das safras de Brasil e Estados Unidos.
Mendonça de Barros chama a atenção para os desequilíbrios nos rebanhos de Estados Unidos e Austrália, dois importantes exportadores de carne. No caso norte-americano, o rebanho atual é o menor em pelo menos 50 anos. Já no caso australiano, a seca de dois anos levou a redução de rebanho em até 40% em algumas regiões do país. O desajuste, segundo ele, gera oportunidades para os criadores de gados brasileiros. Por essa razão, ele projeta alta na arroba do boi gordo brasileiro, podendo ficar em torno de R$ 130,00, com picos superiores. Um dos fatores importantes para a subida do preço é a tendência do pecuarista nacional em “segurar” o rebanho.
Ainda segundo o especialista, as perspectivas para a suinocultura e avicultura são positivas. No caso da indústria de suínos, existe a oportunidade de desbravar novos mercados como Japão ou mesmo aproveitar o mercado russo. No caso da indústria de frangos, a baixa no preço dos grãos e alta nos preços da carne possibilitarão o retorno de boas margens ao produtor. A única nota negativa é para a indústria de leite, que para evitar o “spread” alto com relação aos exportadores, deve manter o preço do produto em patamares baixos.
Clique aqui para visualizar a apresentação do Dr. Alexandre Lahoz Mendonça
Sobre o evento
O Sindirações reuniu os associados no evento Lideranças do Setor Frentes às Incertezas para discutir a conjuntura política e econômica diante da eleição que se aproxima e das incertezas que permeiam o setor agropecuário.
Sobre o Sindirações
O Sindirações, Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal, foi fundado em 1953, e é hoje o principal representante da indústria brasileira de ingredientes, premix, suplementos, aditivos, rações para animais de produção e alimentos para cães e gatos. Com sede em São Paulo, no edifício da FIESP, a entidade reúne 150 associados – que representam cerca de 90% do mercado comercial de produtos destinados à alimentação animal e é filiado a FEED LATINA, Asociación de las Industrias de Alimentación Animal de America Latina y Caribe e à IFIF – International Feed Industry Federation.
