Apesar do baixo índice de desemprego apurado, o ambiente de trabalho no Brasil apresenta-se ainda bastante competitivo e continua a busca por mão de obra qualificada, tecnicamente criativa e socialmente comprometida.
Esses recursos humanos têm sido cada vez mais cobiçados porque a geração de valor econômico não depende apenas da inovação tecnológica, mas também da organização, do modelo de gestão e da imagem percebida pela sociedade em geral. Inovar, inclusive, não é responsabilidade única do pessoal técnico, mas de toda a organização, do chão de fábrica ao conselho de administração, seja durante os ciclos de bonança ou nos períodos críticos que parecem não ter fim.
Diante desse desafiador quebra-cabeças corporativo, os homens geralmente miram em determinados resultados e as mulheres, por sua vez, influenciam o processo no todo. Ou seja, enquanto eles mantém a visão focada, elas exercitam sua visão sistêmica, costumam executar tarefas simultaneamente e tendem a ouvir mais atentamente.
Esse conjunto de atributos aliado à sensibilidade característica do universo feminino contribui sobremaneira na análise dos cenários e percepção delas diante das sensações dos diversos membros da equipe. Mesmo aquelas que não são mães aprenderam com as suas próprias a mediar os conflitos em casa e, por isso tendem a ser e estar mais disponíveis diante dos membros da sua equipe e apaziguar o ambiente de trabalho.
Essas virtudes do “sexo frágil” que parecem aprimorar-se cada vez mais, ao longo da história humana, tem permitido à elas enfrentar as demandas do mundo contemporâneo, mergulhado na era do conhecimento e criatividade, que relacionados à inovação, constituem os fatores-chave para geração de riqueza.
De geração em geração, as mulheres vão se inserindo mais no ambiente corporativo das diversas cadeias produtivas, já que demonstram ser candidatas bem preparadas, criativas e dispostas à integrar times notáveis. Elas tem, inclusive, liderado ações conjuntas e mobilizado esforços e recursos que tem impactado positiva e verdadeiramente o agronegócio brasileiro, que desde a década de 70, já cresceu mais de 175%, e assim assegurado a sobrevivência e o bem-estar de consumidores locais e internacionais.
Dentre suas virtudes, a mulher é capaz de gerar a vida e certamente essa é a mais nobre e miraculosa dentre os tantos mistérios da natureza, sobretudo porque a geração exige uma atitude responsável para trazer à existência, fazer crescer, humanizar e autonomizar. Entregar ao mundo novas vidas, independentes, inteligentes, virtuosas e criativas, visionárias e perspicazes, enfim, seres humanos capazes de conviver de maneira plena e colaborar para que os circunstantes também desfrutem de bem estar e paz.
Quando consideramos que a mãe é quem geralmente estabelece a atmosfera do lar, percebemos que a mulher reconhece e cultiva seus dons singulares que lhe são naturais – a postura calma de um coração espiritualmente enriquecido, uma confiança tranquila e a capacidade para influenciar de modo bondoso aqueles a quem ama. Seu marido, filhos, amigos e até sua carreira serão afetados pela sua capacidade de transmitir o que tem de melhor àqueles a quem influencia.
Assim como a mulher é geradora da vida que traz consigo a semente que perpetua e mantém o equilíbrio da existência humana, o agronegócio também trabalha com vida, com sua manutenção e perpetuação, através da sustentabilidade da agricultura e da pecuária.
A reconhecida pós-modernidade caracteriza-se por expressiva e ampla democracia, plena disponibilidade de tecnologia e recordes na geração de riqueza. Já a Declaração Universal dos Direitos Humanos/ONU considera prioritário garantir ao ser humano alimento adequado, disponível e acessível, independentemente das condições sócio econômicas e geopolíticas.
Lamentavelmente, contudo, a persistente inflação atribuída aos alimentos, talvez a mais importante razão da existência de um bilhão de famintos, é fruto da especulação exagerada e da desigual distribuição de renda.
O PIB do agronegócio brasileiro adicionou 3,3% ao resultado apurado apenas no primeiro semestre do ano passado, graças também ao avanço de 6,5% da nossa atividade agropecuária de efeito multiplicador, consumidora e supridora de insumos para a indústria, fornecedora de capital para a expansão e divisas para as importações do setor não agrícola, além de produtora de alimentos para consumidores domésticos e internacionais e geradora de empregos para a população brasileira.
Calcado em invejáveis e promissores indicadores econômicos, essa nobilíssima atividade econômica brasileira tem contribuído decisivamente na mitigação do desabastecimento global (segurança alimentar) através do fornecimento de produtos de excelência comprovada (alimentos seguros).
Da mesma maneira, a excelente e hábil mulher brasileira, progressista e altiva, incrivelmente forte, resistente e eficiente, é acima de tudo, virtuosa, ou “chayil”, adjetivo que o dicionário hebraico traduz como equilibrada.
A presença da companhia feminina, sensível e vocacionada ao equilíbrio, é mais que necessária para manutenção dos elementos na proporção adequada e correção do desbalanceamento alimentar global e condição essencial para o combate à fome através da justa inclusão de milhões de famílias à linha de consumo.
Inserido no agronegócio nacional me sinto honrado pela agradável oportunidade de compor equipes bem sucedidas, compostas de tantas colegas virtuosas que continuam compartilhando conhecimento e experiência e me ensinado como aproximar cada vez mais a razão da emoção.
Respeitosamente reverencio e com alegria celebro o DIA INTERNACIONAL DA MULHER.
Ariovaldo Zani é médico veterinário, professor de MBA da ESALQ/USP/PECEGE