São Paulo, 05/06/2014 – Ainda no mês passado o Vice-Presidente Executivo do Sindirações, Dr. Ariovaldo Zani, atendendo convite dos organizadores da AVESUI 2014, esteve participando do Painel Conjuntural que envolveu alguns debatedores através da discussão do cenário político/econômico atual e perspectivas futuras relacionadas à produção agropecuária e comércio internacional.
Indagado em relação à desaceleração econômica da China o executivo do Sindirações ponderou: “Considerando os efeitos da redução dos estímulos monetários americanos e a mudança dos fluxos de capitais, essa desaceleração é relativa, uma vez, que o crescimento de 7,5% dos estimados U$ 17,9 trilhões em 2014 representa U$ 1,35 trilhão. Ou seja, quase 70% do PIB brasileiro do ano passado.
Além disso, as autoridades chinesas tem modulado o crescimento, como uma das ferramentas controlar a temida inflação. Nesse ano China deve importar 3 milhões toneladas de milho e alcançar 22 milhões tons até 2024. NO caso da soja, a China pode importar 72 milhões nesse ano e 112 milhões daqui a dez anos. O Brasil exportou no ano passado mais de U$ 46 bilhões para a China com superávit de U$ 8,7 bilhões. A desaceleração citada vai diminuir o ímpeto Chinês pelo minério de ferro, por exemplo, mas a contínua urbanização e melhora da renda per capita continuará fazendo da China a maior importadora global de soja e cada vez mais proteína animal. Outro dado relevante é que atualmente um terço dos suínos na China não recebem rações e a estimativa é que até 2020 cerca de 90% do plantel venha utilizar alimentação industrializada. O exemplo de outro asiático, no caso o Japão, pode ilustrar a situação futura da China. Em 1970 toda carne suína consumida no Japão era produzida lá, enquanto atualmente quase metade dela é importada.”
Em seguida, o jornalista-âncora convidou Zani opinar resumidamente quais principais diretrizes (em relação ao agronegócio) deveriam ser seguidas pelo presidente a ser eleito em breve. Ele respondeu: “Promover forte guinada na diplomacia comercial e focar nas relações bilaterais/acordos gerais de preferências, além de mitigar os gargalos de infraestrutura (capacidade de armazenamento e modal de transporte). Sendo mais audacioso deveria estreitar relações com a China (limitados recursos para produção agropecuária local) em uma relação ganho-ganhos na agropecuária, ou seja, estabelecer instrumentos para que China invista maciçamente na infraestrutura armazenamento/logística/produção/processamento/escoamento de produtos manufaturados brasileiros (rico em recursos naturais) para atendimento da sua voraz e crescente demanda por proteína animal (carne, leite e ovos).”
Finalmente, aproveitando inclusive a presença do Diretor-Geral da FAO, Dr. José Graziano da Silva, Zani argumentou que a indústria global de nutrição animal, tem sido submetida à crescente pressão para fornecer alimentação sustentável, segura e saudável. “Em âmbito mundial, é necessário produzir cada vez mais com menos insumos por conta da tendência de queda nos estoques globais de grãos; escassez de terra e água; forte impacto das alterações climáticas; etanol e biodiesel competindo pelos grãos; e em resposta à população mundial que continua crescendo e o PIB aumentando nos países em desenvolvimento (principalmente asiáticos), além de convencer cientificamente os ativistas radicais que se autointitulam representantes dos consumidores. Já no ambiente doméstico/nacional, é conseguir manter produtividade e competitividade, mesmo diante da carga tributária excessiva; insegurança jurídica; burocracia no licenciamento ambiental e política comércio exterior ultrapassada”, finalizou o executivo do Sindirações.