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Dólar: Ame-o ou deixe-o!

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O cenário traçado ainda no início de 2013 revelava bastante otimismo, baseado nos indicadores que apontavam para o aumento da produtividade dos cereais e oleaginosas em 2013/2014, capaz de contribuir para reposição dos estoques comprometidos nos últimos anos e abastecimento generoso da demanda das cadeias consumidoras.

Embora o Índice Médio de Preço dos Alimentos em Maio, medido pela FAO marcasse 215,2 pontos, o patamar apurado permanecia estável desde Setembro do ano passado, quando foi inflacionado pelas quebras das safras afetadas por alterações climáticas atípicas que assolaram as principais regiões produtoras.

Desde então, certa tendência baixista seguia no Brasil e permitia algum alívio no preço das commodities, cujo efeito, contudo vinha sendo anulado pela oferta escassa, e que mais recentemente sofreu reversão pela correção imposta pela valorização do dólar frente ao Real, moeda que mais caiu nas últimas semanas.

É importante salientar que a valorização da soja segue alimentada pela reduzida oferta americana e subida na Bolsa de Chicago/CME/CBOT) que continua prometendo um mercado futuro razoavelmente atrativo. O preço do farelo no Brasil tem se correlacionado fortemente com a valorização do grão, e desde Abril, já subiu quase 40%, catapultado pelos fatores mencionados anteriormente e da preferência aos embarques internacionais, além da boa dose corretiva emplacada pelo câmbio.

As promessas de safra crescente, aqui e acolá, também vinham pressionando o preço do milho que acumulava queda de 20% no Brasil, embora recentemente, se apura o contrário por conta dos leilões do Governo e da paridade de exportação que impulsiona o fornecedor majorar o preço doméstico. A cotação do bushel de milho para o próximo mês de Julho já subiu de U$ 5,50 para U$ 6,50 em Chicago.

Maior consumidora nacional de farelo de soja, milho e derivados, a indústria brasileira de alimentação animal também depende incondicionalmente do fornecimento externo de aditivos moduladores da produtividade zootécnica que compõem as pré-misturas, à exemplo da agricultura que importa fertilizantes e defensivos agrícolas, insumos cujos preços atualmente estáveis, demandam mais Reais desvalorizados para saldar os pedidos cotados na moeda de troca internacional.

É indiscutível que o câmbio valorizado acaba por subsidiar a importação e taxar a exportação, com efeitos deletérios sobre a produção doméstica e aprofundamento do déficit em conta corrente, no entanto a desvalorização nesse ritmo tão veloz aumenta o custo e pressiona a inflação (pass-through), além de invariavelmente provocar forte deterioração dos balanços das empresas com passivo comercial e/ou financeiro externos.

Esse ambiente deve tornar-se mais turbulento nos próximos meses por causa do enxugamento dos estímulos monetários anunciado pelo Federal Reserve/Banco Central Americano que vai provocar uma desvalorização ainda maior nas moedas dos emergentes e severa correção nas bolsas e nos juros pagos pelos títulos públicos.

A modulação da inflação continuará através do aumento da taxa de juros que diminui a concessão e torna o crédito bem mais caro, combinação que faz aumentar as preocupações com a capacidade de pagamento dos devedores e o risco de retomada nos pedidos de recuperação judicial.

Economistas afirmam que o ambiente econômico/político, quando recheado de incerteza costuma tomar o viés de piora, portanto a cautela parece ditar a ordem entre os elementos da cadeia produtiva, desde o campo até a mesa, incluído aí também o setor varejista, posicionado à frente do consumidor.

Hoje o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos divulga os dados de estoques trimestrais e a área plantada da safra 2013, embora ninguém disponha de instrumentos capazes de antever com precisão absoluta o comportamento das variáveis futuras que modularão os preços do milho, trigo, soja, derivados, dentre outros gêneros da produção agropecuária.

Vale a pena alertar também que, de acordo com a mais recente edição do relatório Food Outlook da FAO, a cadeia produtora de frangos brasileira pode ressentir-se das exportações restringidas pela esfriada demanda e reduzida lucratividade, pois assim como americanos e europeus, nossos empreendedores continuam perdendo competitividade expressa pela pouca expansão nas vendas, enquanto o desempenho exportador tem se concentrado na Tailândia, Argentina, Turquia e Ucrânia, dentre outros.

Além disso, a Coréia do Sul e o Japão, bastante abastecidos podem importar menos, situação já prenunciada pelas preocupações dos chineses que diminuíram o consumo, preocupados com a gripe aviária que afligiu seus planteis recentemente. Não menos importante é alertar que por conta do acelerado crescimento da produção doméstica, as importações russas caíram pela metade daquelas apuradas em meados da década passada e devem render apenas marginalmente por causa de alguns acordos comerciais locais, além da União Europeia, que pelo mesmo motivo, também vem demonstrando interesse reduzido nas compras. Se o marasmo prevalecer durante 2013 o avanço previsto somará apenas 1,5% com comércio internacional de pouco mais de 13 milhões de toneladas. No caso das transações globais com carne suína o montante pode declinar até 4% por causa do esfriamento no interesse dos principais clientes e atingir 7,2 milhões de toneladas, influenciado principalmente pelos países asiáticos que devem importar 6% menos e demanda estagnada na China, Rússia, México, Estados Unidos e Canadá, cujos pedidos devem seguir no mesmo ritmo do ano passado.

O momento presente é propício à profunda reflexão e exercício da disciplina e pode ser ilustrado com o recado recente da executiva de uma das maiores empresas internacionais de alimentos: “NEVER CONFUSE HOPE WITH BELIEF!”

Ariovaldo Zani é vice-presidente executivo do Sindirações

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