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Fight or Fault?

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Desde o início do segundo semestre, a sociedade perplexa e indefesa tenta compreender as razões da disputa travada de um lado pelo funcionalismo e as agências públicas e do outro a autoridade federal. Os servidores reclamam a quebra de compromissos prometidos por Governo anterior, enquanto os mandatários contemporâneos argumentam que a fragilidade econômica persistente torna impossível atender as reivindicações.

Dentre tantos prejuízos, a morosidade das atividades ou operações do tipo padrão comprometem sobremaneira o fluxo de mercadorias por causa da interrupção na concessão de anuência prévia, paralisação do tráfego aeroportuário, inércia no desembaraço aduaneiro, atraso na conferência física das cargas e liberação dos insumos essenciais à produção, tempo excessivo para emissão de certificados sanitários, dificuldade no carregamento de navios e aviões e dificuldade na expedição dos produtos agropecuários nos já saturados portos Brasileiros, cuja capacidade de utilização já supera os 100%em Santos/SP, Paranaguá/PR, Itajaí/SC e Rio Grande/RS.

O resultado determina perdas milionárias, interrupção das linhas de manufatura, menos empregos, e coloca em dúvida a reputação dos empreendedores e acima de tudo a imagem do Brasil, por conta da enxurrada de mandados de segurança, contrapartida defensiva na tentativa de arquivamento de processos, concessão de liminares e arbitragem na interpelação de recursos, ou seja, medidas que expõem flagrantemente o ambiente extremamente hostil para os negócios.

É importante salientar que ao cenário de instabilidade  soma-se o flagrante esgotamento da capacidade de consumo doméstico, as permanentes dificuldades econômicas e políticas de alguns clientes internacionais e embargos impostos por outros, os estratosféricos preços do farelo de soja e do milho que encarecem absurdamente o custo de produção, além da dificuldade na obtenção de crédito para capital de giro, dos baixos preços pagos aos produtores pecuários e o recrudescimento dos pedidos de recuperação judicial.

A indústria continua torcendo pela breve solução do impasse e espera que prevaleça o respeito à sociedade doméstica e aos consumidores internacionais e que seja mantida a bem sucedida parceria público-privada, cuja harmonia nos últimos anos permitiu alçar essa potência agropecuária ao pódio de indiscutível fornecedor global de alimentos do século 21.

O saldo da balança comercial brasileira tem se beneficiado desse vigoroso fluxo exportador, notadamente dos embarques de carne bovina, suína e de aves, cuja produção é dependente das importações de vitaminas, aminoácidos, agentes melhoradores de desempenho e outros aditivos que triplicaram nos últimos dez anos e saltaram para 1,5 bilhão de dólares em 2011.

A necessária intensificação da produção animal alinhada aos modernos conceitos de desenvolvimento sustentável delega importância crescente aos aditivos alimentares utilizados por tornar a produção mais eficiente e a proteína animal mais acessível à população. Ano após ano, a importação desses moduladores do desempenho pecuário superam o crescimento proporcional atrelado à produção de rações e suplementos (quantitativo), por causa dos benefícios adicionais atribuídos aos ganhos de produtividade e preservação do meio ambiente (qualitativo).

Em resumo, apesar da demanda internacional favorável e o fortalecimento da cadeia produtora de carnes, a importação crescente dos insumos para alimentação animal mantém um gargalo estratégico permanente, por causa da vulnerabilidade nacional frente à regularidade de fornecimento e os riscos da dependência, cujos motivos foram explicitados no início.

A expectativa é que em uma década nossa indústria venha abocanhar quase 45% do comércio internacional de carne bovina, aumente em 46% as exportações de carne de frango, além de expedir 700 mil toneladas de carne suína. O consumo doméstico de frango, por sua vez, deve superar os 51kg/habitante/ano, enquanto o de carne bovina poderá ultrapassar os 43kg e a carne suína responder por quase 16kg. Somadas às carnes ovina, caprina, peixes e camarões consumidos, o cardápio do brasileiro estará próximo de 120kg, ou seja, consumo per capita alinhado aos países do Primeiro Mundo.

Conforme antecipado, o Brasil já é considerado um dos mais importantes fornecedores globais de alimentos e deverá produzir em dez anos, cerca de 11,4 milhões de toneladas de carne bovina, 3,7 milhões de toneladas de carne suína e 16,5 milhões de toneladas de carne de aves, de acordo com estimativas da Organização para o Desenvolvimento e Cooperação Econômica/OECD. Já o primeiro Outlook Brasil estima em 2021 a produção de 12 milhões, 4 milhões e 16,8 milhões de toneladas de carne bovina, suína e de aves, respectivamente, conforme dados do Modelo de Uso da Terra para a Agricultura Brasileira, elaboradoem conjunto pela FIESPe pelo ÍCONE.

No ano passado a população global alcançou a marca de 7 bilhões e até 2050 pode superar os 9 bilhões de habitantes, por conta do aumento da longevidade e à melhoria do padrão de vida, beneficiados principalmente pela excelência da alimentação e dos cuidados com a saúde, cuja evolução demográfica concentrada nos países em desenvolvimento continuará acompanhada do crescimento da renda das famílias, fatores que determinarão incremento quantitativo e qualitativo no consumo das proteínas de origem animal nos próximos quarenta anos.

Enquanto eu escrevia esse artigo o Planalto substituía as negociações setoriais por conversas em bloco para agilizar acordos com o funcionalismo e estabelecia 31 de Agosto como prazo final para que os respectivos sindicatos aceitassem as propostas porque nessa data venceria o prazo para o encaminhamento do orçamento de 2013 ao Congresso Nacional.

Faço votos que enquanto você lê esse artigo o impasse entre os representantes do setor público e o Governo já tenha sido solucionado, pois o trabalho normalizado dos servidores é essencial e tão importante para a sociedade  quanto à concessão da segurança jurídica e alívio da carga tributária para que o investimento privado flua através da já agonizante infraestrutura de transportes de cargas, flagrantemente extemporânea ao mundo globalizado.

Ariovaldo Zani é médico veterinário

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