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Animais em perigo: indústria de nutrição & saúde vai sofrer com efeitos da guerra na Europa

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Após passar maus bocados com falta de matéria-prima, setores de nutrição e saúde para pecuária e pets enfrentam efeitos da guerra.

Em dois anos de pandemia, os setores de alimentação e saúde animal parecem disputar uma prova de resistência, com etapas cada vez mais difíceis: escassez de matéria-prima, apagão logístico, desvalorização cambial, alta dos combustíveis e inflação. Quando a situação parecia se estabilizar, ou pelo menos ser contornada, e o maior desafio seria lidar com a ressaca do aumento de custos de produção, a Rússia invadiu a Ucrânia, estremeceu o mundo e o suprimento global de insumos voltou a ser um “campo de batalha”.

Em termos de matéria-prima para nutrição animal, a alta na cotação das commodities agrícolas foi crucial. Rússia e Ucrânia representam 19% das exportações mundiais de milho e 28% de trigo, de acordo com análise da diretoria de Agronegócios do Itaú BBA. Ainda que a relevância seja menor em soja, o reflexo nos preços da oleaginosa é inevitável. Esse cenário só agrava a já complicada disponibilidade de insumos básicos para a fabricação de rações, devido aos efeitos climáticos — falta ou excesso de chuvas, geadas e até queimadas — que prejudicaram lavouras pelo Brasil.

A dependência de insumos importados, como vitaminas, aminoácidos e enzimas, mesmo quando estavam disponíveis, piorou o quadro. Segundo o CEO do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani, com o dólar valendo cinco vezes mais do que o real, a conta pesou, tanto pelos preços dos produtos em si, quanto pelo custo de logística. “No segundo semestre do ano passado, o frete em dólar de um contêiner de 20 pés vindo da China custava seis vezes mais do que tradicionalmente”, disse.

LOGÍSTICA É DOR DE CABEÇA Zani lembra que, em 2020, o frete de um contêiner vindo da China custava seis vezes mais em dólar (Crédito: Divulgação) – © Fornecido por IstoÉ Dinheiro

A escassez de contêineres ampliou o entrave logístico e intensificou a competição por espaço nos portos. Para o vice-presidente executivo do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal (Sindan), Emilio Salani, essa concorrência dificultou a entrada de insumos no Brasil. “Vencemos a batalha de tirar os produtos da Índia e dos Estados Unidos e esbarramos aqui dentro.” Com o fechamento do tráfego no Mar Negro e no Mar de Arzov, por onde saíam os navios da Ucrânia, e as sanções comerciais à Rússia, a situação do transporte mundial piorou, seja pelas restrições de navegação, seja pelo alto custo de frete e do seguro.

De acordo com o advogado especializado em transporte marítimo e sócio da Rabb Carvalho Advogados Associados, Larry Carvalho, já em 15 de fevereiro, nove dias antes do primeiro ataque russo aos ucranianos, a Lloyds Market, maior empresa de seguro de navios do mundo, havia declarado aquela região como área de guerra, o que impactou direta e imediatamente no valor do seguro. “Além disso, o preço do barril de petróleo cresceu muito, e cerca de 15% do custo de transporte marítimo vem do óleo bunker”, afirmou.

FÔLEGO Outro impacto direto desse caos mundial é a queda no abastecimento de fertilizantes, insumo essencial para a maior parte das cadeias produtivas agropecuárias e, indiretamente, para as indústrias de nutrição. A Rússia é um dos maiores produtores e exportadores de macronutrientes, e o Brasil depende desse suprimento. A situação só é um pouco menos pesada para quem tem certa autossuficiência. É o caso da DSM, maior fabricante global de vitaminas, que também produz o fosfato e as enzimas utilizados em sua linha para ruminantes, principalmente sal mineral.

CONCORRÊNCIA NOS PORTOS Salani diz que a indústria trouxe os produtos da China e dos EUA, mas teve dificuldades no Brasil. (Crédito: Divulgação) – © Fornecido por IstoÉ Dinheiro

De qualquer forma, a empresa ainda depende da matéria-prima básica, e a concorrência não é pequena. “Quando falamos de suplemento, o componente mais caro é o fósforo, e só 5% do fornecimento mundial vai para a nutrição animal, a maior parte é usada na agricultura”, afirmou o diretor de marketing do Negócio de Ruminantes da DSM, Juliano Sabella. Por isso, segundo ele, é melhor não centralizar toda a demanda em uma só fonte.

Abastecer o mercado e manter alguma margem de lucro sem repassar essa carga aos clientes tem sido desafiador até para empresas com mais fôlego e musculatura. A Special Dog Company, uma das principais fabricantes de alimentos para cães e gatos do País, sustentou o patamar de vendas em 20 mil toneladas por mês, mas à base de muitos ajustes. Inclusive da lucratividade, disse o diretor de Supply Chain da empresa, Thiago Manfrim. A relação de longa data com os fornecedores de matéria-prima e a estabilidade da companhia ajudaram. “As empresas mais sólidas são priorizadas.”

© Fornecido por IstoÉ Dinheiro

 

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