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Até quando esperar o bonde passar?

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Em 2012, os embarques da nossa agropecuária somaram mais de U$ 95 bilhões e provavelmente representaram algo em torno de 3% do PIB, enquanto que nos Estados Unidos, comparativamente, as exportações dessa categoria não deve ter alcançado 1%. É flagrante testemunhar a importância dos produtos agropecuários, pois  significam parcela considerável e crescente da pauta exportadora brasileira, passando de 27% em 2006 para 40% em 2012. Ainda em 2011, a receita das exportações brasileiras de produtos agropecuários já ranqueava a terceira posição global (9% de todo o movimento), atrás apenas da União Europeia e dos Estados Unidos. O reconhecido fôlego do nosso setor agropecuário destoa do resultado geral do país, já que o desempenho exportador total brasileiro alcança apenas a 16ª posição mundial.

Em contrapartida, no período apurado entre 2006 e 2011 as importações de produtos agropecuários cresceram mais de 20% ao ano e o Brasil ocupava então a 17o. posição global da categoria, atingindo um recorde U$ 17,0 bilhões em 2011, cifra que recuou aos U$ 16 bilhões no ano passado e representou apenas 7% do total das importações brasileiras. Esse crescimento, embora maior em termos percentuais do que a evolução das exportações totais, continua modesto em termos absolutos.

De 2006 a 2011, o superávit comercial brasileiro com produtos agropecuários quase dobrou, em 2012 chegou a U$ 80 bilhões e boa parte deste crescimento se deu entre 2007 e 2008 e entre 2010 e 2011, principalmente por conta da valorização global das commodities. O Brasil continuou somando invejáveis superávits comerciais com seus produtos agropecuários, com desempenho maior até do que os Estados Unidos, embora essa diferença tenha diminuído porque o saldo americano cresceu mais rapidamente, ano a ano.

Há tempo as exportações agropecuárias brasileiras alcançam inúmeros destinos (dentre eles, Japão, Venezuela, Irã, Arábia Saudita, Egito, etc.) e a União Europeia ainda se constitui a maior importadora desses gêneros. No período de 2006 a 2011 representava 29% do total, apesar da sua participação vir diminuindo desde 2007. No mesmo período a China (18%), os Estados Unidos (6%) e a Rússia (5%) aparecem como importantes consumidores da agroindústria nacional, com destaque para os chineses, cuja participação quase dobrou, enquanto a dos Estados Unidos manteve-se entre 5 e 8%. Já as exportações agropecuárias brasileiras para a Argentina, Paraguai e Uruguai, membros do MERCOSUL, representaram menos de 2% do total em 2011, praticamente em pé de igualdade com as exportações para os Emirados Árabes Unidos ou Coréia do Sul.

O complexo soja (grão, farelo e óleo), açúcar e café representaram mais de 50% da pauta de produtos agropecuários exportados ao mundo, enquanto as carnes de aves e bovinos representaram outros 19%, no período abrangido entre 2006 e 2011.

No caso da soja, por exemplo, o Brasil respondeu por um terço das exportações globais e a receita dos embarques cresceu anualmente quase 25%, por causa do vigoroso aumento do preço mundial, especialmente entre 2006 e 2008 e novamente entre 2010 e 2011, embora a quantidade exportada tenha aumentado 6% ao ano no mesmo período. Sem sombra de dúvida, o destino mais importante para a soja brasileira foi a China que respondeu por metade das exportações brasileiras e a União Europeia foi o segundo maior mercado, representando cerca de um terço das compras no mesmo período. Outros destinos importantes estão localizados na Ásia, incluindo a Tailândia, Taiwan, Japão e Coréia do Sul.

Já a carne de frango consolidou-se como terceiro item na pauta no período, representando quase 11% das exportações agrícolas. A receita e a quantidade da carne de frango exportada cresceram 18% e 6% respectivamente, enquanto sua participação no comércio mundial manteve o patamar de 40%. Dentre os principais mercados-destino, incluem-se vários países do Oriente Médio (Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos).

O governo brasileiro continua ensaiando um viés mais liberal desde a estabilização econômica em meados da década de 90, no entanto, a manutenção da tarifa externa comum no âmbito do MERCOSUL não autoriza assinatura de acordos bilaterais com países não membros e somente o Conselho desse “Mercado Comum” tem o poder de negociar em nome do bloco. Embora estabelecidos alguns acordos comerciais preferenciais com países sul africanos, Egito, etc., esses contratos geralmente resumem a tarifa preferencial à poucos produtos. Ademais, a pífia participação dos itens agropecuários nas cestas negociadas e a baixa renda per capita dos consumidores nesses mercados, não tem favorecido as exportações brasileiras.

Lamentavelmente, o MERCOSUL, embrionado com objetivo de integrar a região e facilitar a inserção do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai na economia global, exagera no preconceito ideológico e trava qualquer ambição da diplomacia econômica. Depois que fracassou a Rodada Doha, o bloco sul-americano mantém discussões na tentativa de estabelecer acordo de livre comércio com a União Europeia.

Dados da Organização Mundial do Comércio demonstram que atualmente o Brasil conta com dois acordos de livre comércio e a Argentina apenas um, enquanto os Estados Unidos tem quatorze, a União Europeia trinta e dois, a China quinze, o Chile mantém vinte e um, o México treze, Peru doze e Colômbia onze outros.

O pífio investimento em infraestrutura logística (armazenamento das safras, modais de transporte, geração e distribuição de energia, etc.) afetam a agropecuária brasileira, cuja competitividade tem sido cada vez mais modulada pelo custo e nível de diferenciação do produto embarcado, e qual o grau de confiança depositado pelo parceiro internacional. Já a política comercial do Estado Brasileiro não é clara, continua a confundir os compradores e as negociações continuam emperradas porque os potenciais clientes relutam conceder maior acesso às exportações agropecuárias, enquanto nossas autoridades não aceitam ampliar a entrada de produtos industrializados. Até agora, o Brasil fechou acordos de livre comércio apenas com Egito, Palestina e Israel (esse único ainda em vigor).

Diferentemente, os Estados Unidos já vem ampliando seus tentáculos comerciais com a Austrália, Nova Zelândia, Cingapura, Malásia, Vietnã, Chile, Peru e Brunei, além do México e Canadá e talvez Japão e Coréia do Sul, através da negociação do Transpacific Partnership/TPP, e mais recentemente anunciaram um novo e histórico acordo comercial com a União Europeia, o TTIP/Transatlantic Trade and Investment Partnerhip, uma espécie de “TAFTA”, que deve aumentar substancialmente as transações entre ambos. A manobra deixará de fora a África, a Ásia Central, o Oriente Médio, parte da América Latina e os BRICS e obviamente enxugará as oportunidades para o Brasil e seus produtos agropecuários, uma vez que mais do que supressão de tarifas, especula-se que esse tratado vai regular barreiras não tarifárias e alterar a dinâmica das negociações via Organização Mundial do Comércio. Além disso, americanos e europeus poderão elaborar padrões de fabricação, segurança e regras trabalhistas, além de exigências sanitárias e de preservação ao meio ambiente que os demais levarão tempo para assimilar e cumprir para integrarem as principais cadeias produtivas globais.

Os formuladores da política comercial externa brasileira deveriam refletir no ditado: “Se a montanha não vem à Maomé, Maomé vai à montanha!”.

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