O câmbio favoreceu as exportações, mas encareceu insumos
Durante o ano de 2015 o efeito da desvalorização do Real (moeda local) nos preços brasileiros encareceu as matérias-primas utilizadas na alimentação de aves, suínos, bovinos de corte e leite, etc., incrementou os preços agropecuários no atacado e minou o fôlego financeiro das empresas.
Foi o caso dos aditivos importados e indexados ao dólar e, por exemplo, do milho, cujo preço/tonelada em Reais avançou 24% de janeiro a novembro, enquanto o farelo de soja subiu 31%, apesar do contraste mundo afora, onde se observou flagrante alívio no custo global da alimentação animal, em boa medida, por causa dos recuos de 5% do preço em dólares do cereal e de 17% do farelo da oleaginosa.
Embora a demanda global por proteína animal continue firme, as razões sobre a pressão nesses preços decerto deveram-se à generosa safra americana e as condições climáticas favoráveis ao plantio e produtividade na América do Sul, queda no preço do petróleo, desaceleração gradual chinesa, hipotético enxugamento monetário e alta dos juros nos Estados Unidos e a recuperação europeia ainda indefinida.
Evidentemente, o Real (moeda local) fraco e a volatilidade preocupou bastante porque expôs as empresas brasileiras que comercializam predominante ou exclusivamente seus produtos internamente, caso dos muitos produtores independentes de frangos, ovos, suínos, leite, etc., ávidos por crédito e maior capital de giro, necessários ao pagamento daqueles insumos e da energia elétrica que subiu muito.
As companhias exportadoras, caso das agroindústrias e integradoras brasileiras, exportadoras de farelo de soja, milho e carnes, foram favorecidas pela desvalorização cambial que compensou parte da queda dos preços internacionais das diversas commodities, apesar do imediato impacto negativo, naquelas hipoteticamente alavancadas e sem o escudo do hedge.
A combinação do ritmo veloz da desvalorização e da acentuada volatilidade que assolaram o Brasil, aumentou sobremaneira o custo, pressionou a inflação, e deteriorou os balanços de muitas empresas com passivo comercial e/ou financeiro externos.
O iminente enxugamento monetário americano em 2016 pode pressionar ainda mais o Real (moeda local), estimular a inflação, fomentar maior taxa de juros, incrementar a elevada dívida brasileira, subsidiar a importação e aprofundar o déficit em conta corrente da produção local, muito embora o dólar valorizado venha favorecer a competitividade dos produtos agropecuários exportados pelo Brasil.
Mesmo comprometida, frente à tantos desafios, a estimativa é que a indústria brasileira de rações e suplementos para animais de produção e alimentos para animais de companhia somou quase 69 milhões de toneladas, um avanço da ordem de 2%.