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Dólar morro acima, economia ladeira abaixo!

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O efeito da supervalorização do dólar nos preços brasileiros, que continua pressionando a inflação, exigindo mais juros e gerando mais dívida, é motivado principalmente pela desconfiança do mercado em relação às contas públicas porque o Governo não consegue promover o devido ajuste fiscal. Essa disparada tem encarecido as matérias-primas, incrementado os preços agropecuários no atacado e minado ainda mais o fôlego financeiro das empresas.

É o caso dos aditivos importados, utilizados em alimentação animal e indexados à moeda de troca e, por exemplo, do milho, cujo preço em Reais, de janeiro a agosto, avançou aproximadamente 4 p.p., variando de R$ 490,33 em agosto contra R$ 472,00 em janeiro), enquanto o farelo de soja subiu quase 30 p.p., de R$ R$ 1297,28 em agosto contra 998,22 em janeiro.

É fácil reparar que mesmo diante da satisfatória disponibilidade interna, o preço doméstico do milho continua subindo, motivado pela exportação, mas sobretudo pela contínua desvalorização da moeda brasileira. De maneira semelhante, o grão de soja brasileiro vem sendo catapultado pela China que já importou 28 milhões de toneladas, enquanto a colheita nos Estados Unidos, ainda em fase inicial, só seguirá àquele país nos próximos meses.

Evidentemente, o real fraco e a volatilidade preocupam cada vez mais porque expõem as empresas que comercializam predominante ou exclusivamente seus produtos internamente, caso dos muitos produtores independentes de frangos, ovos, suínos, leite, etc., circunstancialmente, ávidos por crédito e maior capital de giro, necessários ao pagamento daqueles insumos e da energia elétrica mais cara.

A vulnerabilidade acentua-se diante do consumo local que segue enfraquecido pela incapacidade do consumidor brasileiro de criar e usufruir da riqueza, já que o PIB/capita pode despencar de U$ 11,6 mil (marca de 2014, segundo o Banco Mundial), para cerca de U$ 7,6 mil, caso a cotação média alcance R$ 3,38 (projeção do Boletim Focus/Banco Central de 18/09/2015).

Os fundamentos macroeconômicos sustentam que dólar valorizado subsidia a importação, taxa a exportação e, sobretudo, aprofunda o déficit em conta corrente da produção local. Ao contrário, companhias exportadoras, caso das agroindustriais e integradoras brasileiras, exportadoras de farelo de soja, milho e carnes, por exemplo, são favorecidas pela desvalorização cambial que compensa parte da queda dos preços internacionais das diversas commodities, apesar do imediato impacto negativo, naquelas hipoteticamente alavancadas e sem o escudo do hedge.

É importante salientar, contudo, que a combinação do ritmo veloz da desvalorização e da acentuada volatilidade que assolam o Brasil, aumenta sobremaneira o custo, pressiona a inflação, e deteriora os balanços de muitas empresas com passivo comercial e/ou financeiro externos.

A constatação que a crise brasileira se sustenta em raízes profundamente domésticas, se dá pelo flagrante alívio no custo global da alimentação animal e humana, justificado pela variação anual no índice médio apurado pela FAO (Food Price Index, September 2015), acumulado até agosto passado, cuja marca revela retrocesso da ordem de 21,5 p.p. (198,3 pontos em agosto/2014 e 155,7 pontos em agosto/2015). O desdobramento nas várias commodities demonstra que os “cereais” recuaram 15,1 p.p. (182,5 pontos em agosto/2014 e 154,9 pontos em agosto/2015) e os “óleos vegetais” retrocederam 19 p.p. (166,6 pontos em agosto de 2014 contra 134,9 pontos em agosto/2015).

Boa parte da contribuição veio do preço do milho que retrocedeu quase 7 p.p. em dólares (U$ 162,74 em agosto contra U$ 174,71 em janeiro) e do farelo de soja que variou de U$ 379,04 em janeiro contra U$ 370,41 em agosto, de acordo com os dados do USDA Market News, por conta da safra generosa embasada no último relatório do USDA (World Agricultural Supply and Demand Estimates, September 2015) que continua bastante alentador.

Se depender dos indicadores revisados no World Agricultural Supply and Demand Estimates Report/USDA para o período 2015/2016, a produção global de 978,1 milhões de toneladas de milho e respectiva passagem de 189,7 milhões de toneladas, e de 214,2 milhões de toneladas de farelo de soja e passagem de 11 milhões de toneladas, será suficientemente capaz de contribuir para reposição dos estoques comprometidos nos últimos anos, suprir a demanda das cadeias consumidoras globais e manter os respectivos preços aliviados.

Por outro lado, o iminente enxugamento dos estímulos monetários do Federal Reserve/Banco Central Americano, ainda por vir, mais cedo ou mais tarde, produzirá desvalorização ainda mais forte nas moedas dos emergentes e severa correção nas bolsas e nos juros pagos pelos títulos públicos, o que afeta ainda mais as perspectivas futuras de crescimento dos países predominantemente exportadores de commodities, e principalmente do Brasil, praça onde predomina “a inflação que aleija e o câmbio que mata”.

Ariovaldo Zani é vice-presidente executivo do Sindirações

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