O embargo europeu a 20 produtoras de carnes do Brasil, principalmente aves, afetará negativamente a demanda por ração e consequentemente por produtos como milho e farelo de soja, os principais ingredientes da alimentação animal, disse o vice-presidente-executivo do Sindirações, Ariovaldo Zani.
O Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações) previu inicialmente produção de cerca de 70 milhões de toneladas de ração no Brasil este ano, o que seria um crescimento de aproximadamente 3% sobre o recorde do ano passado. Mas essa estimativa não deve se confirmar, e a atividade pode se expandir menos do que o previsto.
“Fazendo um estudo aritmético, hoje, anualizando, [esse crescimento] dá no máximo 2%. Mas a situação está se agravando, a tendência é de esses 2% se esvaírem também”, declarou Zani à Reuters.
“Em hipótese mais complicada, podemos não ter crescimento nenhum em relação ao ano passado ou até retrocesso, tamanha a influência da questão da União Europeia.”
Em 2017, a produção de ração no Brasil demandou cerca de 43 milhões de toneladas de milho, ou a maior parte do consumo interno do cereal projetado para o País, de 57 milhões de toneladas em 2016/17. No caso do farelo de soja, a produção de ração demandou no ano passado 16 milhões de toneladas, segundo dados do Sindirações, de um consumo total no País estimado pelo governo em 17 milhões de toneladas em 2016/17.
Do total da produção de ração, a avicultura consumiu a maior parte, ou 38,5 milhões de toneladas, segundo dados do Sindirações, que apontam também que a suinocultura demandou no ano passado 16,5 milhões de toneladas.
O Brasil consome internamente a maior parte de sua produção de proteína animal. Apesar de a União Europeia não ser o principal mercado para o frango brasileiro, os europeus têm participação importante como destino do produto nacional.
Reuters