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Governo precisa devolver a competitividade à indústria

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No ano passado, a indústria em geral recuou 0,8%, a agricultura retrocedeu 4% e no meio do caminho o setor de alimentação animal amargou um recuo de 3%, resultado ponderado entre a queda de 2,3% no consumo de rações completas e o acentuado mergulho de 17% na demanda por suplementos.  Importante se faz salientar que 80% dessas rações alimentam suínos e aves, produtores de carnes e ovos, e quase a totalidade dos suplementos serviram à pecuária bovina, supridora de leite e carne também.

É fato que a explosão dos preços do milho e do farelo de soja atrapalharam sobremaneira o capital de giro dos empreendedores, no entanto, a demanda pelos alimentos produzidos também esfriou por conta do endividamento que esvaziou o bolso do consumidor brasileiro e pela perda de apetite do cliente externo. A dobradinha sofreu respectivamente com o pífio avanço de 0,9% no PIB e o marasmo do comércio global, embora outros emergentes ainda demonstraram mais vigor econômico: China com 7,8%, Índia com 5% e Rússia com 3,4%.

A preocupante perda de competitividade e pressão sobre a produtividade das empresas nacionais vem se agravando pela persistente insegurança jurídica e falta de clareza sobre direitos e deveres devidas às sucessivas alterações nas legislações e marcos regulatórios, pela burocracia estatal permeada por excessivos e complexos procedimentos e pela asfixiante carga de impostos que onera por conta do sistema cumulativo de tributos. Esse ambiente pouco confiável e hostil aos negócios, além de desestimulador aos investimentos,  afetou os diversos segmentos das nossas cadeias produtivas.

A avicultura de corte sofreu retração no alojamento de matrizes (46,5 milhões) e pintinhos (6 bilhões), embora possa ainda produzir algo próximo de 13 milhões de toneladas de frango em 2013, caso a demanda doméstica recupere o vigor e as exportações alcancem novos destinos. De Janeiro a Março o setor consumiu 4,2% menos ração que no mesmo trimestre de 2012, enquanto a previsão é alcançar 31,7 milhões de toneladas até o final do ano, ou seja, um crescimento de 2,1% em relação às 31,1 milhões de toneladas produzidas em 2012. A recuperação do preço pago ao produtor somada ao alívio no custo do farelo de soja e do milho – concomitantemente apurados desde final do ano passado – podem estimular o alojamento e dinamizar a oferta de frango.

A produção de ração para postura cresceu 5,4% e somou 5,2 milhões de toneladas durante o ano de 2012, em resposta ao incremento de quase 8% no alojamento das 85,7 milhões de pintainhas que eleva a estimativa para um plantel total de 120 milhões de poedeiras. A produção de ovos aumentou 0,7% e a quantidade exportada avançou mais de 60% ante 2011. A tendência de valorização no preço do ovo pago ao produtor que perdura por quase um ano e a demanda por rações de postura que já avançou 3% no primeiro trimestre  permite prever a produção de 5,4 milhões de toneladas ao longo de 2013 e um incremento anualizado da ordem de 2,6%.

O fornecimento estimado de rações para bovinos de corte em 2012 retrocedeu mais de 5% e alcançou apenas 2,6 milhões de toneladas em resposta à redução do número de animais alojados por causa do custo elevado da alimentação concentrada e da pressão sobre o preço da arroba motivada pelo mercado ofertado de animais, acentuado pela participação das fêmeas que representaram 42% do abate total. De Janeiro a Março de 2013 a demanda por rações manteve estabilidade quando comparada ao mesmo trimestre do ano passado, apesar da maior oferta de bois e abate maior de matrizes que não emprenharam. A intenção pode aumentar no segundo ciclo e culminar no confinamento de 3,4 milhões de cabeças com incremento de 4% na demanda por rações e produção de 2,7 milhões de toneladas em 2013, ano provavelmente caracterizado pela possível reversão do ciclo pecuário.

Foram produzidas também 4,8 milhões de toneladas de rações para bovinocultura leiteira em 2012, resultado da seletividade do pecuarista que eliminou vacas de baixa qualidade para melhoria da produtividade, apesar da média nacional ainda não ter alcançado 1400 litros/vaca/ano. O alto custo da alimentação com concentrado corroeu a margem do produtor, situação agravada pela estabilidade do preço pago pelo leite influenciada pelas importações de lácteos oriundos do Uruguai e Argentina e da atipicidade pluviométrica que se abateu no ano passado. Nos três primeiros meses o consumo de rações aumentou 3% quando comparado ao primeiro trimestre do ano passado. No entanto, retrocedeu quase 20% em relação ao último trimestre de 2012 e projeta produção de 4,9 milhões de toneladas ao longo de 2013, marca que pode ser superada caso o preço do leite mantenha a tendência de valorização e o custo do milho e farelo de soja mantenha viés de baixa.

A receita da exportação de carne suína em 2012 cresceu 4% e a quantidade embarcada mais de 12%, apesar da contínua evolução da produção na Rússia e do embargo argentino. O salto do preço do milho e farelo de soja inviabilizou muitos pequenos e médios empreendimentos independentes e influenciou sobremaneira a demanda por rações que recuou 2,2% e alcançou 15,1 milhões de toneladas. A liquidação forçada de parte dos planteis ofertou mais carne no mercado doméstico e pressionou o preço do animal vivo que desvalorizou 3% ao longo do ano, apesar da recuperação verificada no segundo semestre. A retração dos embarques e enfraquecimento do consumo doméstico de carne suína pressionaram os preços apurados e esfriaram a demanda por rações que avançou 1% no primeiro trimestre de 2013. Apesar da contínua tendência de consolidação dos independentes e da manutenção do rebanho de matrizes, a indústria de rações para suínos poderá crescer 2,5% e produzir 15,5 milhões de toneladas, caso o custo de produção não sofra tanta volatilidade ao longo do ano.

Já a produção de alimentos para cães e gatos cresceu 4% em 2012 e alcançou cerca de 2,3 milhões de toneladas impulsionada pela crescente antropomorfização que caracteriza a relação entre esses animais de companhia e seus respectivos proprietários que se estabeleceram no mercado de trabalho formal e tiveram sua renda e disponibilidade de crédito aumentados. A estimativa é que o setor varejista de alimentos para animais de companhia em geral tenha faturado cerca de R$ 9,5 bilhões no ano passado e no caso dos cães e gatos já represente algo em torno de 7% do mercado global que vendeu 65,8 bilhões de dólares, ou quase a metade das vendas apuradas na América Latina que podem ter alcançado 10,3 bilhões de dólares em 2012. Apesar da pesada carga tributária que alcança 50%, a produção estimada pode crescer aproximadamente 5% em 2013 e superar 2,4 milhões de toneladas, mais uma vez impulsionada pela classe média emergente (nova classe C) que já representa mais da metade da população brasileira.

Por sua vez, a demanda por rações para peixes em 2012 foi de 575 mil toneladas, caracterizada pelo contínuo crescimento que alcançou 15%, enquanto a produção de rações para camarões aumentou 7,1%, reação que redundou em 75 mil toneladas. O lançamento do Plano Safra de incentivo à produção aquícola e a expectativa de harmonização nos requisitos para concessão de licenças devem manter o dinamismo apurado nas respectivas cadeias produtivas. Durante o primeiro trimestre já foram consumidas mais de 200 mil toneladas de rações para peixes e camarões, o que permite prever a produção de 740 mil toneladas de rações em 2013, ou seja, um crescimento de no mínimo 14%.

Futurologia e otimismo permitem ainda prever retomada de até 3% capaz de compensar as perdas acumuladas no ano passado, embora o mapa estratégico elaborado recentemente pela CNI alerte que o futuro da indústria brasileira é contingente e depende da capacidade do setor privado atuar sobre os problemas propostos pela dinâmica global contemporânea e também da sensibilidade e mobilização pública na compreensão do novo paradigma de urgência.

Certo é que, mesmo sem bola de cristal, fica fácil afirmar que não há mais tempo a se perder.

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