Cenário internacional e impasse político brasileiro podem continuar afetando a cadeia produtiva e mantendo preços em alta
POR CASSIANO RIBEIRO | GLOBO RURAL
A pressão da entrada no mercado do milho de segunda safra, cuja colheita começa em meados de maio, pode não ser suficiente para baixar os preços do cereal aos patamares esperados pelos criadores de aves e suínos.A perspectiva é do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), que tem observado uma desaceleração nas vendas do setor neste ano, por causa da forte valorização do grão no mercado interno.
O preço do milho, principal ingrediente usado na alimentação dos animais, subiu quase 60% no último ano. Devido à alta do custo de aquisição do cereal, criadores têm entregue os animais para o abate com prejuízo de até R$ 100 por cabeça, conforme Ariovaldo Zani, vice-presidente do Sindirações.
Para o executivo, a situação de aperto no quadro de oferta e demanda do milho deve continuar mesmo se a safra brasileira for boa, devido a diversos fatores. No cenário externo pode haver quebra na produção da Ucrânia. Se a nossa moeda continuar desvalorizada continuaremos competitivos no mercado internacional e a tendência é de que as exportações continuem aquecidas. Não há saída. Ou o criador brasileiro paga o preço ou o exportador vende para fora [do país], que é mais lucrativo para ele”, afirma.
Ele observa que o impasse político no Brasil, que influencia diretamente o comportamento da cotação do dólar, também impacta o setor produtivo. “Se o processo de impeachment se arrastar muito, o que é mais provável, os analistas acreditam que moeda deve continuar perto de R$ 4”, afirma. O dólar tem dado sustentação aos preços internos do milho. Atualmente, a saca de 60 quilos do produto vale em torno de R$ 50 em São Paulo, conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).