Um dos principais temas a ser debatido por lideranças globais e ecléticos especialistas durante a Conferência Rio+20 das Organizações das Nações Unidas (ONU) programada para junho será a idealização da economia verde no contexto da sustentabilidade e da erradicação da pobreza.
Durante as últimas duas décadas, ou seja, desde a Eco-92, o capitalismo imprimiu vigoroso desenvolvimento econômico e ao mesmo tempo ampliou a lacuna entre ricos e pobres e contribuiu para a continuidade da agressão ao meio ambiente. Esse período foi determinante para maturação do conceito de desenvolvimento sustentável condicionado à ponderação simultânea de argumentos de cunho social, ambiental e econômico modulados pela diversidade socioeconômica e geopolítica resultante do desenvolvimento da civilização.
Os governos que sempre detiveram legítima responsabilidade sobre esse regime em transformação, poder e capacidade para promover a mais adequada distribuição da renda, teimam gerar resultados fiscais à custa da deterioração dos serviços essenciais e do subinvestimento em infraestrutura, que permite duvidar do sucesso da tão almejada economia verde, ao contrário dependente do crescimento coletivo das nações, da geração de empregos e da prosperidade do ser humano em harmonia com o meio ambiente.
Desde o pós-guerra a produção de alimentos aumentou 40%, por conta da revolução verde e dos recursos naturais mobilizados em abundância. A exploração insustentável desses recursos pode culminar na exaustão da biodiversidade e dos ecossistemas essenciais. Adicionalmente, no século 21 prevalece a coexistência da desnutrição e obesidade, fenômeno paradoxal capaz de sustentar a convicção de um mundo contemporâneo que “come mal”, ou seja, famintos comem de menos, obesos comem demais e o que sobra é desperdiçado. Tragédia ou ironia, a conclusão é que ninguém come bem.
O raciocínio permite aos elos integrantes da cadeia de produção agropecuária inferir que a fome é, de fato, um fenômeno político e por isso esses empreendedores encaram o grande desafio de aumentar a produtividade utilizando menos água, terra e insumos no intuito de permitir o ingresso de milhões de pessoas à faixa de consumo e responder às indagações da sociedade urbana acerca da origem, produção, composição e custo dos alimentos e a interferência deles com a natureza.
Essa necessária revolução da produtividade, na prática, tem mobilizado mais tecnologia e empregado cada vez menos gente que, insatisfeita, faz emergir dúvidas acerca da manutenção desse modelo que tanto bem-estar tem oferecido, mas indubitavelmente padece de imperfeições a serem reparadas.
É essencial, portanto, a convergência para uma governança mais eficiente que encare o desafio de praticar o que foi combinado há vinte anos para promoção da integração e implementação coerente do desenvolvimento econômico, social e a proteção ambiental. Além disso, seu protagonismo deve prevalecer em meio ao já fragilizado cenário contemporâneo, ameaçado por calotes soberanos, recessão, desemprego e desigualdade social.
Engajado em semelhante empreitada e convicto da responsabilidade, o Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações, São Paulo/SP) solidariamente aderiu à iniciativa de algumas empresas associadas e aliado aos pesquisadores da Embrapa, da Universidade de São Paulo (USP) e da Universidade Federal de Viçosa (UFV) publicou recentemente um livro que demonstrou ser possível preservar para crescer com harmonia quando a batuta está sob regência da nutrição responsável.
As páginas dessa publicação de excelência desnudam os resultados das estratégias nutricionais aplicadas em experimentos de campo e baseadas no conceito de proteína ideal, caracterizada pela suplementação de aminoácidos industriais e redução do nível de proteína, da formulação com micro minerais orgânicos de alta disponibilidade nutricional e da utilização da enzima Fitase. O emprego conjunto desses elementos promoveu substancial diminuição na excreção de substâncias indesejáveis e gases de efeitoestufa (preservação/ meio ambiente), auferiu consideráveis ganhos no desempenho e metabolismo de aves e suínos (alimentação das pessoas/social) e finalmente valorizou a margem bruta e o índice de retorno ao produtor (remuneração e investimento/econômico).
A contribuição desse setor que abastece a indústria produtora de carnes, que por sua vez, alimenta consumidores domésticos e internacionais, encorpa o portfólio de ações sustentáveis que vai da matriz energética renovável à política agrícola de baixo carbono, e traduz-se em esforço necessário à desmistificação de um Brasil poluidor.
Os brasileiros e a sociedade civil global ainda um tanto desconfiada esperam que a Rio+20 não constitua apenas o palco para discursos ufanistas e exortação entre compadres, ao contrário, torcem por uma conferência decisiva e voltada ao futuro que queremos.
Abaixo o PDF da matéria:
Fonte: Feed&Food