Pesquisa vai gerar bases de dados e aprimorar metodologia de análise de ciclo de vida e de uso da terra na produção de insumos do setor de alimentação animal, adequadas à realidade brasileira
O acordo assinado na Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna – SP), (27/11), vai permitir a revisão dos dados e protocolos de Análise de Ciclo de Vida (ACV) internacionais que avaliam a sustentabilidade da produção agropecuária brasileira. O acordo foi celebrado pelo Sindirações, ABPA, Abiove, além da Embrapa.
A iniciativa, que tem o apoio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é um esforço conjunto que reúne a iniciativa privada, pesquisa e governo para fomentar a execução de pesquisa agropecuária que irá adaptar e integrar dados de desempenho ambiental, como o inventário de ciclo de vida de insumos para ração animal produzidos no país e, com isso, possibilitar um alinhamento dessas informações com o banco de dados internacionais, como a Livestock Environmental Assessment and Performance Partnership – LEAP ou o Global Feed LCA Institute (GFLI).
Segundo Ariovaldo Zani, CEO do Sindirações, “a pressão ambiental tende a intensificar-se, já que a demanda por proteína animal – 60% a 70% mais carnes, leite, ovos até 2050 – vai responder ao estímulo proporcionado pelo crescimento do número de consumidores e distribuição/incremento da renda da população global, urbanização e mudança nos hábitos alimentares.”
Assim, o objetivo é que a equipe de ACV da Embrapa, baseada no vasto conhecimento e informações científicas sobre a agropecuária brasileira, desenvolva modelagem para demostrar, com melhor acurácia, as realidades de sustentabilidades inerentes ao sistema produtivo agropecuário do país. A interação e publicação em bancos de dados internacionais é a melhor forma de fazer chegar à comunidade internacional informações e dados dos produtos agrícolas e pecuários gerados a partir das características da produção brasileira.
O assessor especial para assuntos ambientais do MAPA, João Adrien, ressaltou que os resultados a serem apresentados pela pesquisa da Embrapa irão ao encontro da promoção da agropecuária brasileira no cenário internacional. Conforme ele, há um desconhecimento por parte de alguns organismos multilaterais, onde se discute a sustentabilidade da agropecuária global, sobre o cenário da produção brasileira, onde as especificidades não são consideradas. A iniciativa vai contribuir muito para o posicionamento do governo brasileiro junto aos organismos internacionais, de forma a agregar valor à carne brasileira, que possui níveis de sustentabilidade muito distintos dos competidores.
O assessor do Mapa ainda lembrou que globalmente, muitos países desenvolvidos possuem tendência a desenvolverem métricas e indicadores de sustentabilidade, a partir de suas realidades e que levam, de alguma maneira, a criação de barreiras não tarifárias ao comércio internacional. “Se não formos proativos, essas medidas podem prejudicar a nossa imagem no mercado internacional. Por trás de questões ambientais existe toda uma geopolítica atuante, com a qual devemos nos atentar.”
Zani, CEO do Sindirações, ressaltou ainda que a revisão da base de dados e a metodologia de ACV para a realidade brasileira, com vistas à revisão de sustentabilidade do setor são demandas de mais de 2 anos e extremamente pertinentes, uma vez que os cálculos internacionais não ponderam a nossa realidade com a devida justiça. “Nossa expectativa, com a revisão, é melhorar significativamente os nossos índices produtivos, com impactos positivos nas exportações”, disse.
Comprometida com a abrangência tridimensional da sustentabilidade (planet, profit, people), segundo Zani, a indústria de alimentação animal tem adicionado mais tecnologia à cadeia produtiva, com intuito de satisfazer as necessidades atuais da humanidade e preservar a capacidade das gerações futuras garantirem suas próprias necessidades. “Esse estudo que conduzimos com a Embrapa permitirá futuras investigações e identificação de novas lacunas e incertezas. Além de esclarecedor, estimulará o debate para estabelecimento de padrões de referência na produção pecuária sustentável”, completa.
Participaram da formalização da parceria o chefe geral da Embrapa Meio Ambiente, Marcelo Morandi, a pesquisadora e coordenadora do grupo de ACV da Embrapa, Marília Folegatti, o diretor de Relações internacionais da ABPA, Ariel Mendes, o CEO do Sindirações, Ariovaldo Zani, a coordenadora de sustentabilidade da ABIOVE, Cindy Moreira, além do assessor especial para assuntos ambientais do MAPA, João Adrien e de parte da equipe técnica da Embrapa que irá conduzir os trabalhos.