“A agricultura moderna assegura o abastecimento de maneira sustentável, todavia, persiste a confusa percepção de uma atividade inconsequente que converte cereais e oleaginosas em etanol e biodiesel, ao invés de alimentos humanos ou rações para animais”
Alguns anos atrás, eu alertava os leitores sobre as iniciativas hipotéticas voltadas ao nobre intuito de mitigar a emissão de CO2-equivalente por unidade de PIB, que exigiam cautela por causa dos paradoxos da vida ecologicamente correta. Eu exemplificava como os “bem intencionados” consumidores queimavam combustível por longas distâncias para comprar pequenas quantidades de comida orgânica em mercados supridos por fornecedores que traziam seus produtos em caminhões de fazendas localizadas muito além dos subúrbios.
Concomitantemente, as notícias sobre a importância da utilização das tais fontes energéticas limpas circulavam pelas principais mídias, e anunciavam como o Brasil havia convencido a influente Agência Americana de Proteção Ambiental/EPA que o etanol da cana-de-açúcar era combustível renovável e avançado, capaz de emitir muito menos CO2-equivalente quando comparado à tradicional gasolina.
Uma vez que a intensidade dos efeitos econômicos e ambientais impactam também todos os elementos da cadeia de produção (que na agricultura começa na lavoura e alcança a mesa do consumidor), e tendo como princípio o respeito às conclusões compulsoriamente fundamentadas em ampla abordagem, eu recusava, ainda naquela época, a inovação alternativa trazida pelos biocombustíveis dos grãos. Leia mais…
Ariovaldo Zani é médico veterinário, professor do MBA PECEGE/ESALQ/USP